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Batalha das eras parte 5: A batalha final | Conto de Fantasia Medieval

Escrito por: Herica Freitas

“Batalha das eras” é um conto dividido em cinco partes, sobre batalhas milenares ao longo dos anos, em defesa do plano terrestre. É uma história independente que se passa em um mundo fictício idealizado pelo autor. Neste conto, a garota Ana, de vinte e poucos anos, faz uma descoberta sobre seu vizinho estranho, o senhor Benson. Esta descoberta leva Ana a viver uma aventura jamais imaginada por ela. Indicado para 14 anos ou mais.

Depois de toda a luz se dissipar Anaobservou um homem de cabelos negros e molhados, encebados no couro cabeludo e estendendo-se até os ombros. Uma veste negra e molhada assim como seus cabelos cobria seu corpo desde os pés até os pulsos. A sua mão magra segurava um cajado de luz no formato de um raio. O cajado brilhava intensamente e ouvia-se barulho de eletricidade vindo de sua direção.

-Enfim nos encontramos novamente meu amigo. – a voz de Globack ecoava como um trovão, grave e ensurdecedora – Estava ansioso por nosso combate, fiquei sabendo de alguns fatos que me deixaram bastante animado.

Globack abriu os seus olhos e, assim como Hatszu e Ana, sua aparência não era convencional. Os dele estavam repletos do elemento tempestade, escuros e com lampejos de luz branca e roxa que cortavam suas íris como os raios cortavam os céus.

-Eu estou ansioso pelo nosso combate Globack. Hoje eu sinto que posso fazer qualquer coisa. – Hatszu sorriu.

-Você já foi mais jovem meu amigo. – ele sorriu ferozmente – Desculpe-me a indelicadeza, mas a mocinha saindo fumaça logo ali atrás quem é?

Ana sentiu um ódio inexplicável de Globack.Seu calor começava a sair da sua pele enquanto seus olhos ficavam mais alaranjados e fumegantes. A água começava a evaporar, formando uma grande camada de vapor entre a pele de Ana e as gotas d’água.

-Eu sou Globack, o cavaleiro da tempestade – ele fez uma reverência – Você é?

-Ana. – ela aperta o cabo da espada.

-Não o seu nome de humana, quero saber seu nome de cavaleira. – ele sorriu, provocando – O que foi? Não tem um? Deixe-me ver, olhos alaranjados, corpo pegando fogo e água evaporando. Você é a cavaleira do sol não é? Ainda não tem nome porque não se encontrou com o conselho, deu azar e acabou caindo aqui, de paraquedas, na batalha não é mesmo?

Neste momento Ana piscou e quando abriu os olhos novamente Hatszu estava em sua frente, defendendo-a com seu cajado de um ataque de Globack.

-Não ouse atacar a menina. – Hatszu disse, com força na voz.

-Já entendi tudo, ela é sua sucessora não é? É com ela que eu vou lutar nos próximos anos. – Globack recuou.

-Fique perto de mim Ana, você precisa ficar a salvo e guardar suas energias para o final. – ele olhou o relógio – São onze meia, está quase na hora.

-Eu não consigo controlar minha raiva – ela disse entre dentes – apesar de nunca tê-lo visto eu quero matá-lo.

-Só ataque quando eu mandar.

Ana assentiu.

-A propósito, você será Luss a cavaleira do sol. – ele sorriu de canto.

-Taí. Gostei. Luss, a cavaleira do sol.

-Vamos ao que interessa – Globack levantou seu cajado para o céu, transformando-o em uma espada em forma de raio – Hatszu.

Hatszu transformou seu cajado em uma espada e partiu ao encontro de Globack. Ambos se chocaram fazendo um estrondo de trovão. Eles eram muito rápidos e Ana quase não acompanhava seus movimentos. Ao olhar ao redor Ana percebe várias aranhas subindo no telhado, correndo e pulando na chuva em direção a ela. Rapidamente sacou a sua espada, transformando-a em um arco, e começou a disparar flechas contra as criaturas.

Durante uma olhada ou outra Ana via Hatszu e Globack lutando com suas espadas. Hora um, hora outro estava vencendo. O poder deles estava realmente em um patamar diferente de Ana. Ela estava preocupada com as aranhas que não paravam de aparecer e com seu coração disparado que começava a sentir-se cansado demais para bombear o sangue. Por mais que a água caísse sobre Ana, ela não se molhava. A fumaça que saía de seu corpo era quente e impedia também que as aranhas chegassem perto.

Cansada e esgotada de tanto lançar flechas nas aranhas que não paravam de vir, Ana conjurou mais uma vez sua espada e passou a combater as aranhas de perto, agora com golpes precisos, o que, no entanto, não impedia que ela levasse um corte ou outro das patas afiadas das criaturas. Ana percebia que seus ferimentos curavam-se instantaneamente assim que eram feitos, como se sua pele fosse mais forte agora, nessa forma de caos.

-ANA – Hatszu gritou, jogando uma balinha verde para ela – TOME!

Ana, com um movimento marcial, girou seu corpo, dando um golpe em uma aranha com sua perna, e pegou a balinha, colocando-a rapidamente na boca. Nesse momento ela sentiu o vigor retornando ao seu corpo. Uma ideia veio à sua mente e ela transformou sua espada agora em um martelo grande e começou a bater nas aranhas como se fosse um jogo de videogame, desferindo golpes de cima para baixo.

-Boa garota – Hatszu disse, enquanto cortava o rosto de Globack com sua lâmina – agora elimina esses insetos.

Ambos lutavam com vigor e poder. Ela percebe que por mais que Hatszu estivesse confiante ele havia errado e, agora em desvantagem, recebia mais golpes do que Globack.

– Hatszu não perca! – ela exclamou quando acabou de matar o que parecia ser a última aranha.

Quando ela se virou para Hatszu ela o viu deitado no telhado de frente para o vilão, Globack flutuando alguns metros sobre ele, sua espada de raio agora transformada em uma lança. Globack olhou para Ana sorridente, levantando o braço, pronto para arremessar a lança, também com formato de raio. Hatszu olhou para Ana sorrindo “Onze e cinquenta e cinco e cinquenta e nove segundos”, ele fechou os olhos e sorriu. Uma luz forte começa a emanar de Hatszu, Globack lançou sua arma rumo ao peito do velho caído enquanto observava aquele brilho emanando. 

Muita luz, nesse momento, invadiu o ambiente, mas Ana tentou não tirar os olhos da cena. Ela consegue ver o exato momento em que Hatszu explodiu como uma galáxia sendo formada. A explosão varreu a lança de Globack e tudo sobre o telhado rumo aos céus. Ana, com dificuldade, se segurou na calha mais próxima, mas quando conseguiu finalmente abrir os olhos, Hatszu não estava mais lá e Globack flutuava mais alto, tampando os olhos com o antebraço.

-NÂAAAAAAAO – Ana grita – HATSZU!

-Faltam dois minutos para meia noite garota, acho que não preciso de todo esse tempo para pegar a chave de você – Globack se aproximou novamente do telhado – agora me deixe ver, onde a chave está?

-Eu tenho um nome – ela disse, empunhando sua espada – a partir de hoje me chame de Luss, a cavaleira do sol – ela transformou a espada em um arco e preparou uma flecha – sua inimiga e protetora da chave do abismo dos titãs, que de lá – ela mirou uma flecha muito brilhante e poderosa para Globack – NUNCA SAIRÃO!

Globack se concentrou e com sua magia lançou um raio de luz, que partiram de suas mãos em direção à casa de Hatszu. A flecha de Ana voou em direção à lança que caía dos céus como um raio invade a noite tempestuosa. Ambos os ataques se chocaram no ar emanando muita luz e posteriormente, em um estrondo pavoroso de um trovão caindo sobre a casa, o telhado do pobre senhor Benson foi destruído e Ana e Globack foramvarridos um para cada lado. Ana caiu pelo buraco do telhado, se arranhando nas telhas quebradas e na fuligem que a explosão deixou sobre a casa, pousando brutalmente de costas no chão duro de madeira que estava queimado pelo raio de Globack.

Ao virar-se, meio zonza com a queda, Ana encontrou o relógio de pulso de Hatszu e ouviu seu apito indicando a meia noite. Sem forças e com muita dor no corpo ela soltou seu arco, desejando que ele voltasse a ser uma espada, mas seus olhos involuntariamente se fecham para a escuridão enquanto ela sentia as gotas da chuva entrarem na torre e finalmente molharem seu corpo, que não cintilava mais calor.

-Ana, você me ouve? – uma voz de um homem seguida de vários apitos ecoaram pelos ouvidos da garota.

-Quem, onde – ela colocou a mão na testa, sentindo dor – o quê?

-Calma, abra os olhos devagar – a voz parecia suave – olhe para a luz, isso muito bem. Consegue se sentar?

Ana abriu os olhos sentindo uma dor de cabeça comprimindo-a como se fosse explodir. Ela olhou para a luz desconfortável do aparelho em frente aos seus olhos, mas não conseguia enxergar a figura que lhe falava. Depois que a luz se apagou ela piscou algumas vezes, conseguindo finalmente olhar ao redor Estava em uma cama coberta por um lençol branco, em seu braço existiam curativos que cobriam agulhas com medicamentos intravenosos e ela observou ao pé da sua cama um pequeno carrinho de metal cheio de remédios e utensílios médicos.

-Onde eu estou? – ela pergunta olhando para o homem à sua frente.

-Olá Ana, eu sou o seu médico, me chame de Pedro. Você pode me responder algumas perguntas?

-Sim, claro. Eu posso me sentar? – ela disse, apoiando-se pelos cotovelos.

-Claro – Pedro a ajudou – Então, diga-me, do que você se lembra?

Ana parou por um instante e tentou se lembrar de tudo que acontecera na noite anterior. Sem saber se era verdade ou não ela se voltou para seu braço esquerdo e enxergou uma corrente dourada muito brilhante.

-Ah, não conseguimos tirar sua pulseira – ele olhou para o braço – produto de qualidade, não deveria andar com ela sempre, pode atrair ladrões.

-É só um presente de um amigo, – ela lembrou-se de Hatszu – me diga, vocês encontraram mais alguém comigo, na casa do Hat… digo, senhor Benson?

 -Achamos sim.

Ana sentiu-se esperançosa.

-Infelizmente seu vizinho o senhor Benson está morto, a família deve o estar enterrando agora pela manhã. Vocês dois foram atingidos por um raio, penso que ele pode ter salvado sua vida porque acabou recebendo a maior carga e você apenas parte dela.

-Eu me lembro do raio – ela pensou na feição de Globack – ele veio muito forte, invadindo tudo, e depois eu desmaiei.

-É um milagre que você esteja viva Ana, eu preciso ir. A propósito, tem uma pessoa ali fora que quer te ver, vou mandar que entre. – ele deu as costas.

Assim que o médico saiu do quarto uma mulher usando um terno feminino na cor branca entrou pela sala. Assim que ela fechou a porta o pulso esquerdo de Ana começou a brilhar. Ana rapidamente o colocou debaixo da coberta, na tentativa de esconder a luz.

-Não precisa esconder, Luss – a voz da mulher parecia dupla, como se duas pessoas falassem ao mesmo tempo – acalme-se, eu sou Thoora Afegane, a líder do conselho dos cavaleiros.

-Eu deveria me reverenciar de acordo com minhas instruções, mas não consigo me mover sem dor – Ana disse.

-Tudo bem, está dispensada das burocracias por hoje – a mulher sorriu – Sabe por que eu vim, não sabe?

-Você veio trazer o contrato para mim – Ana olhou para a maleta de negócios na mão da mulher.

-Sim, mas antes eu quero tirar suas dúvidas. Sei que pode ser difícil descobrir sua descendência assim tão tarde, mas infelizmente nunca tivemos uma oportunidade de lhe falar, pois seus poderes nunca se manifestaram até tocar na espada da luz.

Ana lembrou-se que a espada estava com ela quando desmaiou e depois forçou a têmpora tentando se lembrar de onde estaria a espada naquele momento.

-Não se preocupe – a mulher falou, como se lesse os pensamentos de Ana – a espada da luz será entregue a você novamente caso aceite o trabalho. Agora vamos tirar todas as suas dúvidas?

-Hatszu me disse que eu terei de renunciar à minha vida de humana para viver por longos anos, assim como ele, e proteger a ordem da nossa dimensão. Ele me disse muitas obrigações e sobre o livro que escreverá a minha história.

-Sim – a mulher tirou o livro de capa dourada da maleta – aqui neste livro do oráculo já está escrito inclusive se você aceita ou não, eu já li e agora preciso ouvir de você.

-Me responde mais uma pergunta antes que eu diga minha decisão. O médico, Pedro não é? Ele disse que acharam o corpo do Senhor Benson, digo de Hatszu. Disseram que nós dois estávamos desacordados, mas eu o vi se explodindo, não sobrou nada do corpo dele. Como podem ter achado?

-Quando um cavaleiro morre ele se desintegra por inteiro da forma de seu elemento. No seu caso, quando morrer você explodirá feito o sol. Não me olhe assim é o destino. Nós do conselho conjuramos uma ilusão para que os humanos não achem estranho o desaparecimento ou qualquer outra coisa dos corpos dos cavaleiros.

-Para que fazem isso? Além de mim, ninguém nunca veio visitá-lo.

-Quando você assinar este contrato, se aceitar nossa proposta, você será apagada da história de sua família e eles nunca saberão da sua existência. Você mudará de cidade e começará uma nova vida com outra identidade, sem nenhuma relação com qualquer pessoa que você tenha conhecido até agora. 

-Está dizendo que ninguém nunca saberá de mim?

-Sim, você nunca terá existido para todos aqueles que você conhece. Você é capaz de renunciar a tudo e todos que ama e à sua carreira para poder proteger a ordem do mundo e do universo?

Ana engoliu seco. A cicatriz brilhou sob o lençol e seu coração vibrou. Ela sentiu seu corpo esquentar e queimar como na noite anterior. Uma lágrima escorreu dos seus olhos agora em brasas como a superfície do sol e ela disse:

-Eu…


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