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O Diário de João | Anotações de Bolso

Escrito por: Herica Freitas Silva

No ano de 2039 João descobriu que tinha uma família, reencontrou o amor da sua vida e seguiu para uma viagem perigosa até o laboratório de sua antiga universidade. Partiram na tentativa de desenvolver uma cura para a humanidade, mas o caminho reservava uma infinidade de perigos.

Um dia antes de partir (2039)

Hoje, depois da reunião que tivemos com o pessoal, eu conversei com a Melissa. Não vou dizer que foi uma conversa muito amigável, contar a ela que eu suspeitava da imunidade de Cosmo foi mais difícil que assumir uma traição. Em meio a todas aquelas palavras de baixo calão que ela me disse, depois de receber um abraço caloroso e um beijo em minha face, ela falou que estava esperando um filho. Eu mal conheço Cosmo e agora vou ter outro filho? Não consegui esconder dela a minha reação, que foi de espanto e dúvidas. Acho que ela está muito chateada comigo e não sei o que fazer para apaziguar a situação.

Partiremos amanhã ao nascer do sol, nossa equipe está composta por: Melissa, Epaminondas, Cosmo, Cris, Marcelo, Severo e eu.

Primeiro dia de viagem (2039)

Pela manhã:

Hoje, bem cedo, carregamos nosso furgão. O menino Cris deu um trato naquela lata velha, está novinha em folha, eu diria. Cosmo revelou a mim que leu o diário, e não sei até qual ponto as pessoas que estão junto a mim sabem da história, mas eu preciso ser discreto. Vamos partir em alguns minutos. Melissa e os outros estão terminando de repassar a rota, acho que ela vai dirigir nesse primeiro turno. O silêncio entre nós na noite passada foi inevitável, não estamos conectados como antes, receio que tenha perdido Melissa.

Ao meio do dia:

Paramos para comer. No caminho fomos surpreendidos por alguns infectados, depois percorremos uma longa estrada pela zona segura. Vamos tomar o desconhecido em alguns instantes. Melissa continua a me evitar, acho que ela precisa de um tempo. Perguntei a ela se havia contado ao Cosmo sobre a gravidez, ela me disse para não contar a ninguém, pois seria um ponto para que todos desistissem da missão. Ela colocou a missão acima da vida dela e do nosso filho, e sou grato por tudo que ela tem feito por nós. Eu não posso contar a ela e aos outros que os meus “anticorpos” estão diminuindo, pois ainda não sei se são pela idade, pelo tempo que fiquei preso ou pelo fim da vida do meu sistema imunológico anti zumbi. Preciso continuar os estudos, eu trouxe alguns equipamentos comigo, farei alguns testes pela noite.

Ao anoitecer:

Me dispersei do grupo para continuar minhas pesquisas, estava avaliando algumas amostras do meu material genético. Meu corpo não produz mais o “anticorpo”, e receio estar infectado, pois fui submetido a várias mordidas ao longo de minha vida. Por um infortúnio do acaso, encontrei uma amostra do sangue do Cosmo, e a produção em seu sangue é absurda, ainda maior que a minha, de modo que acredito que isso seja relevante para a pesquisa. Preciso conversar com o garoto, talvez ele seja a esperança do mundo e nem saiba.

Segundo dia de viagem (2039)

Pela manhã:

Quase não dormi noite passada, estou ansioso e meus pensamentos não se calam nem por um segundo em minha cabeça. Eu queria poder gritar para todo mundo que eu não sou mais a cura, mas isso seria loucura. Sigo pensando sobre o Cosmo, em como ele vai ficar quando receber essa notícia. Me sentiria culpado se algo acontecesse a eles. Por mais que eu não conheça o garoto, ele é sangue do meu sangue, é parte de mim e minha família. Preciso tentar conversar com Melissa mais uma vez, preciso contar a ela o que eu descobri sobre mim, sobre Cosmo e sobre tudo.

Ao meio do dia:

O caminho tem sido bem mais difícil, nós precisamos limpar um grande número de infectados. Sorte a nossa ter encontrado a loja de artigos esportivos no shopping, achamos alguma munição de tiro esportivo por lá. Os rapazes têm se mostrado muito eficientes na limpeza, até o garoto Cris tem se arriscado em alguns tiros. Melissa, como sempre, uma caçadora nata, e o soldado Epaminondas é um tanque de guerra. Marcelo não fica muito atrás, segue claramente o exemplo do pai. O menino, Severo, carrega uma culpa imensa pela morte dos pais, Cosmo me contou o que houve e, bem, deve ser por isso que ele sempre está fedendo a bebidas.

Ao anoitecer:

Quando estávamos prestes a cruzar os limites da cidade, fomos surpreendidos por uma armadilha. Uma bomba caseira explodiu em nosso veículo, fomos lançados aos ares e capotamos. Nesse processo Melissa acabou machucada. Saímos juntos em direção a um shopping no limite das duas cidades, eu me lembrava vagamente dele antes do surto e guiei todos por um caminho até onde achava ser a saída. Com o pé machucado, Melissa estava atrasando a todos e Epaminondas se sacrificou por nós. Essa cena me causou bastante comoção. O menino, Marcelo, havia ficado muito abalado com a perda do pai. Quando nós finalmente estávamos livres dos infectados, nos vimos frente a um grupo misterioso que mais a frente descobrimos ser do pai do menino Cris. Mundo pequeno, não? Fomos presos e com alguma técnica conseguimos fugir, os meninos mataram o pai do Cris, mas os quatro capangas ficaram vivos. Nós fugimos e eu estou me sentindo culpado pela morte de Epaminondas. Afinal, ele morreu pelo quê? Por uma inverdade que eu venho guardando comigo, já que não existe mais cura.

Terceiro dia de viagem (2039)

De madrugada: Encontramos um caminhão enquanto fugíamos dos malfeitores. A caligrafia daquele “S” me lembrou muito Tom, será mesmo que ele está vivo? Será possível que ele veio para a capital a fim de continuar as pesquisas?

Pela manhã:

Aqui é o Cosmo. Bem, não sei se posso me chamar assim, mas sou o Cosmo Passos, filho de João Passos, o médico que se sacrificou pela sua família. Nós viemos para a universidade, eliminamos os Salvatores, e aquele desgraçado do Tom teve o que mereceu. Meu pai acabou desistindo da própria vida a ter que perder sua família de novo. Estou muito abalado com tudo o que aconteceu, e minha mãe, que agora carrega meu irmão ou irmã, também está muito triste com tudo isso.

Ao meio do dia:

As únicas pessoas que sabem da minha imunidade e da imunidade do bebê de minha mãe são Severo, Marcelo, minha mãe e eu. Eu não sei o que fazer, tomei o diário do meu pai como conforto, sinto que ele está mais perto de mim quando escrevo, não escrevo tão bem como ele, não me formei na faculdade, mas bem, é o que temos para hoje. Não encontramos nada relacionado à pesquisa, por isso uso apenas como anotação de bolso. 

Ao anoitecer:

Enterramos todas as pessoas que matamos, homens e mulheres, soldados. Não encontramos nenhuma criança, nem ao menos os filhos do Tom, como ele havia dito. Será que ele mentiu? Severo quer partir para o Posto de comando, eu acho que é ser muito arriscado partirmos agora, não sabemos quantos dos Salvatores ou dos Demônios estão por aí. Eu preciso proteger minha mãe e meu irmão/irmã.

Escrito por: Herica Freitas Silva


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