ContosSuspense

Tukdam | Conto de Suspense

Escrito por: Vinicius Mendes Souza Carneiro

Recentemente, múmias de monges foram descobertas em templos budistas, dentro de estátuas e até mesmo em uma casa, resultado de roubo. Essas múmias, encontradas na posição de lótus, são consideradas especiais por seus correligionários. Acreditam que esses monges não estão mortos, mas sim em um estado avançado de meditação chamado “tukdam”. Indicado para 12 anos ou mais.

Tudo o que vemos ou parecemos, não passa de um sonho dentro de um sonho.” – Edgard Allan Poe

A história que vou lhes contar remonta a outra antes daquilo que testemunhei. Diz a lenda que Sidarta Gautama foi o primeiro Buda, aquele que alcançou o estado de iluminação máximo, meditando abaixo de uma árvore após aceitar arroz e leite das mãos de uma donzela. Muitos buscaram o mesmo estado encontrado por ele, e alguns morreram tentando. Iniciado no Nepal, o Budismo se espalhou pelo mundo.

De um tempo para cá foram encontrados em templos budistas, dentro de estátuas e também em uma casa – produto de roubo neste último caso – alguns monges mumificados em posição de lótus (sentado de pernas cruzadas e mãos descansando sobre os joelhos, os dedos indicador e polegar se tocando), meditando. Fato seja dito, essas múmias são muito especiais para seus correligionários, julgam que não estão mortas, mas em um estado avançado de meditação chamado de tukdam.

Três semanas meditando seria o necessário. É raro, mas no último século foram registrados algo em torno de 40 casos. É desnecessário dizer que para a medicina moderna, aqueles monges estão mortos. Alguns jaziam entre couro de animais já por muitos anos, 100, talvez até 200 ou 300 anos, o que proporcionou as condições ideais para o processo de mumificação.

É nesse contexto que começa minha lamúria, aquilo que vou lhes narrar foi tão estranho e severo que nada pelo qual passei e muito possivelmente pelo que tenham passado ao longo de suas vidas seja parecido. Assim como existem situações nas quais o bem nos fortalece com milagres rotineiros, acredito que o desconhecido também possa nos mostrar nossa resumida insignificância, e qual terror maior para o homem, que tem em si o complexo de Deus, do que descobrir tal fato?

Era julho, mês das chuvas intensas, alagamentos e doenças respiratórias. São Paulo, como uma cidade superlotada e poluída, nunca foi gentil ao tratar a saúde de seus habitantes. Por outro lado, como todo bom paulista, eu gostava dessa época do ano a despeito dos transtornos oferecidos. Não nego, entretanto, como a falta de planejamento urbano interferiu na estrutura local, rios canalizados, várzeas invadidas e impermeabilização do solo provocam anualmente um sem número de transtornos e alagamentos.

Nesse período conturbado chegou a carga, vinda do Nepal à exposição, a qual mostraria para o mundo a cultura e a história do budismo. Os itens foram expostos no museu do Ipiranga, provavelmente o mais bonito dos museus paulistas. O prédio foi inaugurado em 1895, localizado no Parque do Ipiranga, que na prática funciona como um grande jardim à frente da estrutura, seguindo a arquitetura neorrenascentista, que se inspirava no renascentismo, tornando o prédio em si bonito e imponente.

Nela existiam muitos itens interessantes, desde roupas utilizadas pelo primeiro Buda, tapetes, rolos de escritos antigos e até mesmo uma múmia de trezentos anos de idade, era o que diziam. A primeira impressão que tive ao visitar a exposição em sua inauguração foi de antiguidade, algo reverente e antigo, mas não só isso, senti também ali uma sabedoria profunda e uma história de reflexão.

— Está vendo que legal, Geraldo? – era minha esposa Letícia.

— Não sou cego, Letícia…

— Né não, mas é um pedaço de cavalo.

Meu dia tinha sido um daqueles em que você acorda com o pé esquerdo, sabe? Eu achava, até naquele momento que foi um dia ruim, hoje já penso ter sido um dia ótimo, ainda assim estava ranzinza, o “seu Saraiva” em pessoa naquele instante.

— Você não queria vir? Vai dizer que agora se arrependeu? – ela era sempre assim, quando me via nervoso tratava de falar bastante.

— Meu amor… deixa isso pra lá, eu tô gostando sim, ok? Meu nervoso não é contigo…

Passamos então pela múmia e paramos para observá-la. Aquele corpo ressequido em posição de lótus eterna, a pele marrom enrugada, os braços esqueléticos, os olhos fechados, era tudo demais para mim. Como alguém poderia chegar naquela situação era uma completa incógnita para meu cérebro pouco concentrado.

— Parece que ele morreu tranquilo, né, bem?

— Sim, meu amor…

A observação dela era verdadeira, não havia sofrimento ali, mas sim uma profunda devoção. Aquilo me deixava admirado e ao mesmo tempo assustado. Voltamos para casa conversando profundamente sobre a exposição, imaginando o que poderia ter acontecido com cada peça e principalmente impressionados com o monge, afinal, era algo fora de nossa cultura e realidade.

Estimulado pelo fato, mais tarde fui ler sobre a religião e como ela pode mudar o corpo e a mente de alguém. Existem muitos relatos interessantes sobre o tema, alguns sobre monges no estado de tukdam, outros sobre pessoas capazes de resistir ao frio, a dor, e, até curas milagrosas engendradas por uma fé muito forte. Aquilo me fascinava e ao mesmo tempo assustava, pois a fé não move montanhas, mas pode mover uma nação inteira e a maior parte da humanidade compartilha de alguma porção dessa força imponente.

Engraçado como o tempo passa depressa quando fazemos algo que nos interessa, não percebi o dia passar e ao fim dele, já pelas oito da noite, minha esposa invadiu o escritório:

— Geraldo, meu amor, tu vai comer computador, é? Tá aí desde a tarde, meu filho, vamos para a sala tomar café.

Letícia era assim, cuidadosa e atenciosa, o que outros não sabiam é que naquela fala havia um aviso velado: eu havia passado muito tempo longe dela, naquele momento desejava companhia e contrariá-la não levaria a lucro algum. Sorrindo me levantei e a beijei.

— Obrigado por me chamar, meu amor, fiquei entretido com uma pesquisa.

— Todo investigador é assim, lerdo? — falou rindo.

Comemos, namoramos e assistimos séries juntos, então lá para as 22h resolvemos deitar. Uma hora depois tudo começou. O celular tocou vibrando em cima da mesa de cabeceira e me deu um susto, apanhei o cabo da minha arma embaixo do travesseiro pensando ser uma invasão, foi quando me dei conta do aparelho.

— Alô?

Geraldo? Recebemos um chamado do museu, tem algo de errado acontecendo lá, preciso de você pronto e a caminho agora.

— Moreira? Tá, tá certo, estou a caminho.

Sou investigador da polícia federal, normalmente não me meteria com uma situação de linha de frente como essas, mas pra Moreira ter me ligado a coisa era séria. Não podíamos perder de vista também que a exposição era internacional, os bens ali constantes eram inestimáveis e deveriam ser resguardados. Saltei da cama e comecei a me vestir.

— Ohhhh! Vai ter que sair, fofuxo?

— Vou, amor, tem algo de errado no museu.

— No museu?

— Sim, Moreira me chamou, deve ser sério.

— Vai com cuidado, por favor, meu amor…

— Eu vou, tenho você para ver quando voltar!

— Te amo!

— Também te amo! — beijei-a e saí.

Me perguntava que tipo de emergência seria pra minha supervisora ter me chamado, com certeza não era algo comum. Fui reflexivo durante todo o percurso, tateando a arma no coldre e por algum motivo a tensão me dominara, todos os meus instintos estavam em alerta. Aquele trajeto, meu corpo alertava, poderia me levar à morte.

Cheguei no museu e já haviam dez viaturas paradas em volta dele. Me aproximei do centro do cerco e me encontrei com Moreira:

— Ei, não sabia que aqui era ponto de mulher feia, alguém me arruma uma cerveja aí!

— Vai tomar no seu cu, Geraldo. Não tá vendo que a porra tá séria aqui e vem com piadinha? — Apesar da resposta sua expressão era suave.

— Quanta agressividade! — Sorri – O que aconteceu?

— Recebemos um alerta do alarme do museu, quando chegamos aqui os seguranças estavam todos do lado de fora, apenas um conseguia falar, os outros estavam em choque.

— Interrogaram-no?

— Sim… mas deixamos pra você fazer de novo, afinal, o especialista em detectar mentiras aqui não sou eu.

— Quer um suquinho de maracujá pra se acalmar?

— Vai se foder, Geraldo.

— Adoro quando consigo te irritar. — Ri.

— Venha por aqui.

Um carro da tropa de choque estava estacionado com os policiais do esquadrão parados em linha na sua frente. Dentro da van havia alguns bancos e neles estavam os seguranças à espera de uma ambulância.

— Pedro! Venha cá. — falou Moreira.

Um homem alto se levantou, era forte como um touro, a pele refletia a luz reforçando o tom ébano, veio sério. Parecia um agente de segurança experiente, um ladrãozinho certamente não acharia passagem fácil por ele.

— Conte o que aconteceu lá.

— É do diabo, delegada… aquilo que tá lá não é gente e eu não entro naquele museu mais, não.

— Só quero que explique o que viu.

— Não sei explicar, só sei que num momento aquela múmia tava lá, seca, e no outro não. Sei que o Francisco ficou lá, que não correu, isso eu sei também.

— Vocês não voltaram pra conferir nada? — perguntei.

— Não, senhor, um uivo horrível saiu de lá… era Chico, tenho certeza… sentimos tanto medo que não conseguimos voltar.

Olhei para Moreira e percebi seu olhar de pena por aquele homem.

— Nós vamos entrar, você vem para guiar a gente através do museu.

— Não, senhor… não… por favor.

— Se não vier, processo você por omissão de socorro e abandono de posto. Não existe justificativa de você ter abandonado seu colega à própria sorte.

— Eu… eu…

— Deixe de covardia homem! Se você, que deveria assegurar as coisas não vier, então quem virá?

— Tá certo, eu vou. Devo isso a Chico.

Passamos do cerco com uma equipe pequena de cinco pessoas. Fomos eu, Moreira, Waldir (policial experiente em batidas), Helena (atiradora exímia) e Pedro (o segurança e nosso guia).

Adentramos pela entrada principal do Museu, portas duplas de madeira, eram imponentes e expunham a antiguidade do prédio. O silêncio era ensurdecedor e logo após a porta visualizamos alguém caído no piso de mosaico.

— Geraldo, vai conferir. — Moreira sussurrou.

Assenti e me aproximei devagar do corpo. No piso jazia um dos seguranças do prédio, estava com o rosto voltado para o chão e vagarosamente o virei. Não esperava ver o que vi e me assustei, com a mão na boca contive um grito. Não sei como aquela pessoa era antes, mas naquele momento parecia mumificado, alguma coisa havia tirado a água de seu corpo. A boca estava aberta com uma expressão de horror e os olhos murchos ainda vidrados olhavam diretamente àfrente.

Me senti enjoado e contive com muita força a vontade de vomitar ali mesmo. Olhei para meus companheiros e suas faces não expressavam sentimentos diferentes dos meus. Me levantei e avançamos juntos, mas devagar, para o interior do museu.

O clima que já era tenso se tornou insuportável, meus sentidos focavam em qualquer sinal de vida ou movimento na estrutura, era possível ouvir a respiração de meus companheiros e em aceitação tácita exploramos os espaço sem nos separar. Visitamos todas as salas do térreo, o prédio possui dois longos corredores com ante-sala conectados diretamente a outras quatro salas, o ambiente final de cada bloco sendo conectado a outros 3 espaços consecutivos. A dimensão do prédio com seu pé direito alto e o estilo neorrenascentista invocavam a antiguidade de onde estávamos e nos lembrava a todo momento do quanto somos pequenos.

Acompanhados desse sentimento opressor de insignificância e cientes do destino que poderíamos ter, subimos degrau a degrau as escadas para o primeiro andar.

Andamos até a sala de exposição da tela “Independência ou Morte”do pintor paraibano, Pedro Américo. O quadro se tratava de uma pintura retratando um Dom Pedro heróico, cercado de corcéis e cavaleiros reais às margens do Rio do Ipiranga. A obra era imponente e possuía em torno de sete metros de comprimento por quatro de altura, ocupava uma boa porção da parede da sala. Ali como se nada importasse estava sentado no assoalho de madeira um monge, meditando calmamente vestido em trapos, mas sua aparência estava distante de ser uma múmia.

Era careca como a peça em exposição e certamente as roupas eram as mesmas, no entanto a juventude preencheu as lacunas onde antes havia apenas secura e morte. As pernas jaziam em posição de lótus, os braços esticados na lateral do corpo culminavam nas mãos que formavam um selo: o indicador e o polegar tocavam—se em suas pontas, os outros dedos estavam retos.

Ignorando a falta de lógica completa daquela situação apontei a arma em sua direção e alertei:

— Não faça movimentos bruscos ou atiro.

Todos se colocaram em linha ao meu lado com armas em punho e cercamos vagarosamente a figura. Vi seus olhos abrirem, eram serenos e castanhos.

— Manakō niyama athaka cha: Tapā’īlē kē sōcnuhuncha, tapā’īlē sirjanā garnuhuncha. Tapā’īlē kē mahasusa garnuhuncha, tapā’īlā’ī ākarṣita garnuhuncha. Tapā’īlē viśvāsa garēkō kurā satya huncha.

— Fique calmo, não entendemos sua língua, mas se vier sem resistência não o machucaremos.

— Peço perdão pelos meus modos, me comunicarei em seu idioma.

A voz soou pelo salão como um bálsamo calmante e nosso nervosismo automaticamente diminuiu.

— O que eu disse foi: A lei da mente é implacável: o que você pensa, você cria. O que você sente, você atrai. O que você acredita, torna-se realidade.

— Aquele guarda que encontrei na entrada, foi você que matou?

— Aquele indivíduo não está morto.

— Claro que está, eu mesmo vi.

— O que você vê está limitado pelos seus sentidos. Aquele homem está em Tukdam, assim como estive. Quando acordar sua percepção de tudo será libertadora. — sua voz não continha ameaça ou medo, era somente serena e focada.

— Como você retirou o líquido do corpo dele?

— Peguei emprestada alguma água, meu sistema funcionava mal.

— Você o matou.

— Uma uva passa deixa de ser uva porque nela não há água?

— Levante—se e ponha suas mãos atrás das costas.

Lentamente ele levantou, mas ao invés de posicionar suas mãos às costas o monge sem nome cruzou as mãos ainda posicionadas à sua frente e olhando em meus olhos falou:

— Ouçam! Nascimento é sofrimento, envelhecimento é sofrimento, enfermidade é sofrimento, morte é sofrimento; tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero são sofrimento; a união com aquilo que é desprazeroso é sofrimento; a separação daquilo que é prazeroso é sofrimento; não obter o que se deseja é sofrimento; em resumo, os cinco agregados influenciados pelo apego são sofrimento.

Uma agonia indescritível percorreu meu corpo, ouvi os gritos de meus companheiros e mantive minha consciência viva apenas para vê-los tombar ao meu lado. Meu coração batia forte e conseguia escutá-lo alto como um tambor, as mãos tremiam e minha arma caiu ao chão, as vistas embaçaram e então um zumbido terrível fustigou meus ouvidos. Olhando para o monge pude contemplar seus olhos fixos em mim, as órbitas eram brancas agora e emitiam um brilho dourado, de seus lábios havia uma prece sussurrada, cujo significado me escapava.

A escuridão me envolveu e o conforto seguro e quente se seguiu. Era uma calma maravilhosa e ao fundo batimentos cardíacos repetiam sua música e me acalmavam. Estava na água, mas não sabia que estava, então aos poucos fui apertado, empurrado, asfixiado e novamente apertado, então aquilo passava e o ciclo se repetiu inúmeras vezes. Então uma luz forte banhou meus olhos e, quando tentei falar, algo queimou meus pulmões, era como aspirar fogo e a dor foi insuportável. Gritei.

Agora minha mãe jazia em seu leito de morte e a sensação de queimação já não existia, meu peito doía por outro motivo e a preocupação com sua saúde era tudo. Ela não merecia aquele fim, naquela cama fria sofrendo por uma doença que nunca a abandonava. Uma de suas pernas já tinha sido amputada, mas a diabetes não se contentava e queria mais, no fim, levou tudo.

— Obrigado, meu filho, te amo!

— Mãe, não deixe essa doença te vencer, preciso de você aqui comigo!

— Prometo que estarei te acompanhando onde eu estiver, meu amor.

A dor preenchia mais uma vez meu peito, o luto era tão intenso que chorava feito uma criança contrariada, o luto era uma dor terrível e por isso gritei.

Sofri, não sei por quanto tempo permaneci naquele estado, mas para mim foram décadas, anos! Porém quando abri os olhos ali estava o monge me observando. Sentia meu corpo exausto e dolorido, a dor ainda era real para mim, mesmo assim tentei me arrastar em direção à minha arma. Mais uma vez sua voz prosseguiu serena:

— O desejo que conduz a uma renovada existência, acompanhado pela cobiça e pelo prazer, buscando o prazer aqui e ali; isto é, o desejo pelos prazeres sensoriais, o desejo por ser/existir, o desejo por não ser/existir.

Me senti confuso e minha mente já não formava ideias claras, pensava em minha esposa, na casa que havíamos conseguido, no meu emprego e no salário que sempre quis! A certeza de que ia morrer ali me abateu e saber de tudo o que deixaria de fazer me fazia sentir tristeza por não poder prosseguir.

— Eu não entendo! O que você quer de nós? – os gritos de minha equipe eram horríveis e todos certamente estavam sentindo as mesmas coisas que eu.

A paz vem com a renúncia. É o desaparecimento e cessação sem deixar vestígios daquele mesmo desejo, o abandono e renúncia a ele, a libertação dele, a independência dele.

— Faça a dor parar! Por favor! Tire essa sensação horrível de meu peito!

Há apenas um caminho: entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta.

— Me ajude! Por favor me ajude, não quero morrer assim! — O monge então virou as costas e saiu andando da sala. Minha consciência se esvaiu e a dor me levou para um lugar desconhecido, entrei num transe do qual não conseguia sair.

Primeiro a dor, então o nada. À minha volta a mais completa e absoluta ausência de coisas. Não consigo descrever a sensação, mas seria algo próximo a flutuar na água em um espaço completamente branco, mas sem o branco porque lá também não havia cor. Depois de algum tempo ali, uma calma sobrenatural me preencheu e relaxei.

O universo preencheu o nada e como um big bang vi aquilo se expandir à minha volta, e maravilhado contemplei cada detalhe que pude absorver. A dor não existia mais e percebi que tudo aquilo estava ali comigo, não para mim, mas comigo. Na profundidade da dor, às vezes conseguimos entender coisas que em outras situações seriam invisíveis.

Quanto mais tempo contemplava o todo e quanto mais tempo refletia no que tinha escutado do monge percebia que ele estava certo. Não sei por quanto tempo precisei ficar ali para entender isso, talvez tenham sido dias ou meses, até que finalmente percebi algo: a dor do desejo é semelhante a tirar um espinho encravado, no início arrancá-lo parece impossível porque dói, porém no fim ao sair o que sobra é alívio. Agora era assim que me sentia, aliviado.

O tempo onde eu estava era relativo e pensei ter vivenciado anos contemplando as verdades que aprendi, até que finalmente compreendi a maior das realidades. Ao fim tive a revelação. Percebi algo que aquele monge cujo o nome não sei demorou muitos anos para encontrar. Despertei.

Minha esposa estava ao meu lado e entendi que entrei no estado de Tukdam por meses, mas diferente do monge ou do guarda fui cuidado em um hospital.

— A vocês que me escutam, a vocês que vieram até mim em busca de revelação e de entendimento saibam que estou aqui. A minha companheira está ao meu lado e hoje entende a mesma verdade. A vocês irmãos no átomo darei a minha contribuição, olhem bem nos meus olhos e encarem a revelação deste universo!

 


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