ContosFantasia Medieval

Ruínas Draconatt | Conto de Fantasia Medieval

Escrito por: Herica Freitas

Um grupo de aventureiros bastante incomum viajava pelo mundo à procura de lugares novos para conhecer. Depois de terminarem uma longa missão para o rei Assha Sexto, partiram com glória e ouro desbravando continentes. Por onde passavam deixavam esperança. O bardo Kvolt cantava os feitos dos heróis, que mais tarde passariam a ser conhecidos como “Os Heróis de Asahi”. Em uma noite de inverno, na taverna Kobold Adormecido, eles ouviram o rumor de que o vilarejo de Sobral estava correndo perigo. O dragão branco ancião que residia nas ruínas próximas estava atacando e matando pessoas inocentes.

A música alegrava o ambiente enquanto Kvolt tocava seu alaúde alegremente, entretendo todas as criaturas dentro daquela taverna. O bater dos pés e as palmas complementavam aquela alegre canção.

A bruxa capturada, morta e degolada
Mal nenhum mais causará
A filha fugida e triste
Agora reinará

Isso só possível foi pela bravura incomum
Lutaram bravamente os heróis
Destruindo seus inimigos um a um
Agora eles gritam sob lençóis

Kvolt era um humano esbelto, pele clara, olhos azuis, cabelos loiros, barba bem feita e lábios carnudos e avermelhados. Ele vestia roupas de seda em tons pastel, estava com o cabelo sempre bem penteado e carregava seu alaúde por todo canto. Por onde passava, o bardo atraía mulheres das mais variadas raças.
O vento insistia em ultrapassar as barricadas colocadas nas janelas, assobiava pela porta e incomodava quando alguém entrava no Kobold Adormecido. Anões garçons corriam apressados com bebidas quentes e assados, servindo as mesas dos aventureiros esfomeados. Do mesmo modo que todos dentro da taverna, Batrix, Quinn e Gilmor tentavam esquentar-se com as bebidas.
— Acho que o Kvolt bebeu além da conta — comentou Batrix.
— Beber alegra corações meu amigo! — exclamou Gilmor, entre soluços.
— Você deveria beber mais Batrix, assim não ficaria fiscalizando a quantidade de bebidas que seus amigos ingeriram. — Quinn disse logo antes de dar um grande gole em sua caneca.
— Não é porque o rei nos deu todo esse dinheiro que devemos gastá-lo com bebidas e mulheres. — Ele deu de ombros. — Estarei no meu quarto.
— Não vai dormir sob a árvore hoje? — Gilmor caçoou.
Durante a partida de Batrix, Gilmor e Quinn caçoavam e riam do meio elfo. Batrix era um meio elfo franzino, pele queimada de sol, cabelos castanhos e bem cortados, vestes de couro surradas e sempre com seu arco mágico em suas costas. Do lado esquerdo carregava uma aljava com flechas e do lado direito uma bolsa com alguns pertences.
Gilmor era um anão de aparência bem comum, pele bronzeada, cabelos negros sempre amarrados em rabo de cavalo, barba cheia e emaranhada e olhos negros. Ele vestia uma armadura pesada de couro batido e carregava um grande martelo, mais alto do que ele próprio.
Quinn era um humano de estatura alta, seus músculos eram bem definidos e completavam sua aparência rústica. Sua pele era, também, queimada de sol, seus cabelos e barba ruivos, olhos verdes e, nas partes do corpo expostas, possuía muitas cicatrizes de batalha. Ele vestia uma armadura pesada de placas, tinha em suas costas uma espada longa acompanhada de um escudo e, em cada um dos lados, uma adaga.
Assim que Batrix havia partido para o quarto um homem de média idade entrou pela porta, desesperado, ofegante, coberto de neve e tremendo. Não se sabia ao certo se ele tremia de frio ou de medo. Seu rosto estava pálido e seus olhos refletiam um pavor descomunal.
— Dragão! Dragão! — exclamou o homem.
Murmúrios foram ouvidos por todos que estavam na taverna, muitos esconderam-se sob as mesas com medo do tal dragão aclamado pelo homem, outros empunharam suas armas. Kvolt colocou seu alaúde nas costas, andou calmamente até o homem, colocou a mão em seu ombro e perguntou:
— Onde e quando, nobre companheiro?
— Sobral, o vilarejo ao lado, está sendo atacado por um dragão branco. Peguei meu cavalo e vim o mais rápido que pude. A essa altura ele já deve ter assassinado toda a vila.
— Certo. Ei, taverneiro — Kvolt chamou pelo anão por detrás do balcão – poderia nos alugar quatro cavalos?
— Vá chamar Batrix, estamos de partida. — Quinn disse a Gilmor.
Em seguida os quatro heróis partiram rumo ao pequeno vilarejo de Sobral. Desbravaram a nevasca forte. O frio era tanto que doía, a neve caindo incontrolavelmente dificultava a visão pelo caminho e era impossível estimar a hora da noite em que partiram, pois a aparência hostil foi a mesma da noite até o amanhecer.
Em algum momento antes do amanhecer a nevasca diminuiu, o vento cessou, mas o frio ainda insistia em penetrar a pele de animal espessa que cada um deles usava. Mais adiante puderam vislumbrar do alto de um morro a vila devastada. As casas davam espaço a amontoados de madeira queimada misturada com pedregulhos destruídos, a neve ao redor do local estava manchada de sangue e fuligem e haviam corpos parcialmente cobertos por neve.
Entretanto, nem tudo parecia perdido. Uma casa ou outra estavam inteiras e, de dentro delas, era possível enxergar olhares amedrontados e curiosos para os viajantes que chegavam ao local. “Vamos investigar”, Kvolt falou, enquanto amarrava seu cavalo sob uma árvore.
— Pessoal, nós viemos ajudar. — disse Gilmor.
— Nada temam, estamos aqui para matar a fera. — Quinn brandiu sua espada.
Pouco a pouco algumas pessoas saíram das casas semi-destruídas, homens em sua grande maioria. Eles conversaram com os heróis, mostraram a direção para a qual a fera havia partido.
— Vocês estão em quantos? — Kvolt perguntou ao morador Turec.
— Somos doze sobreviventes, nobre herói. — Turec respondeu.
— Nós temos algumas cordas. Poderíamos destruir uma casa e improvisar um trenó para que vocês sigam até o Kobold Adormecido. — Kvolt disse.
Quando finalmente terminaram a engenhoca os heróis cederam os quatro cavalos para servirem de guias e tracionarem o veículo. Kvolt sugeriu que os homens montassem os cavalos e conduzissem a viagem, enquanto os demais se posicionassem no trenó improvisado. Assim o fizeram e os sobreviventes partiram rumo à taverna do vilarejo vizinho.
— Batrix vem comigo e Gilmor com Quinn, seguiremos para a montanha a leste e devemos encontrar a criatura em seu covil. Vamos nos dar cobertura em pares. — Kvolt instruiu.
Naquela manhã cinza e fria eles partiram rumo à batalha, todavia quando chegaram ao pé da montanha, uma hora depois, os pés estavam frios e molhados devido à árdua caminhada sobre a neve densa que caíra na noite passada. Conforme eles subiam sentiam arder suas narinas e seus pulmões pressionados pelo ar rarefeito da montanha.
— O ar está ficando pesado. — Gilmor disse ofegante.
— Vamos continuar subindo, em breve encontraremos a fera. — Quinn respondeu.
— Silêncio! Ouvi alguma coisa. — disse Batrix, enquanto retirava o arco das costas.
— O que ouviste? — Kvolt perguntou.
— Parecem roncos, acredito que a criatura esteja dormindo.
Depois de subirem toda a montanha, chegaram à entrada de uma caverna. Seu interior era escuro e emanava um vapor quente.
— É aqui — Batrix disse —Aqui está a fera, eu posso sentir. Eles entraram na caverna de forma cautelosa. Não fizeram barulho algum, finalmente chegando até um penhasco que levava para dentro da montanha. No fundo da cratera estava um enorme dragão branco, deitado em um imenso amontoado de palha, dormindo.
— Qual é o plano? — Batrix perguntou.
— Eu pulo com meu martelo sobre a sua cabeça. — Gilmor disse.
— Gilmor, se você ainda não percebeu, aquela criatura lá embaixo é um dragão branco, e não um goblin. — Quinn advertiu.
— Eu posso aprisioná-lo em uma cela mágica. Dessa forma, poderemos descer e não ser pisoteados. — Kvolt disse, enquanto sacava seu alaúde das costas.
— Eu gostei — Disse Batrix.
— Eu ainda vou poder dar martelada na cabeça dele? — Gilmor perguntou.
— Ao seu comando, Kvolt. — Quinn disse.
Kvolt com seu alaúde olhou para o dragão adormecido, respirou fundo, fechou os olhos, abriu os olhos que agora brilhavam em amarelo e tocou uma música. O dragão acordou com o canto, contudo percebeu que estava preso em uma cela mágica. Seu rugido gutural estrondeou por toda a caverna.
— Como a gente desce? — Gilmor perguntou.
— Assim. — Batrix disse, enquanto terminava de bater uma estaca no chão.
Batrix havia feito uma ancoragem para a corda enquanto Kvolt conjurava a magia no dragão. Ele segurou a corda e correu para o penhasco, pulou e dançou no ar como o pêndulo de um relógio e logo em seguida pousou tranquilamente no chão, enquanto puxava o arco de suas costas.
Assim que todos estavam no chão, se posicionaram para se esconderem de qualquer sopro que viesse do dragão enfurecido. Seu rugido, agora, ribombava cada vez mais alto. A criatura se debatia dentro daquela prisão mágica apertada. Batrix foi o primeiro a disparar. Carregou uma flecha em seu arco e atirou contra a criatura, mirando por entre as barras da prisão e acertando no meio do corpo do dragão. A flecha enterrou e se perdeu dentro do oponente. Em resposta, o dragão soltou uma rajada de gelo pela boca, inundando o buraco com uma brisa esbranquiçada. Gilmor e Quinn que estavam mais próximos, com sorte, conseguiram esconder-se do ataque direto.
Gilmor correu feito louco em direção ao dragão enjaulado, levantou seu martelo e o brandiu para cima da criatura, porém, não muito esperto, não se tocou de que as grades da prisão mágica de Kvolt, além de prender, também protegeria o dragão de ataques como esses. “Droga”, ele exclamou e jogou seu martelo de lado, sacou uma espada curta, a empunhou em suas mãos e a lâmina começou a pegar fogo.
— Gilmor, você sabe da maldição dessa lâmina, não a use! — Quinn gritou.
Gilmor olhou para o companheiro, sorriu e disse:
— Não se preocupe, meu amigo, eu sou durão e não perecerei por essa lâmina.
Kvolt, mais uma vez fechou os olhos por um momento e os abriu novamente com brilho amarelo e, com uma espada em miniatura nas mãos, conjurou a Espada de Mordenkainen. Uma espada de energia amarela apareceu em sua frente. Com o movimento das mãos ele a moveu para perto da cela e desferiu um golpe contra o dragão. No instante em que a espada o atingiu ele urrou e seus olhos miraram Kvolt com ódio.
A criatura puxou o ar do ambiente e soltou um sopro gelado na direção de Kvolt. Sem sucesso em se esconder, o bardo foi atingido e sentiu como se houvesse agulhas penetrando cada poro da sua pele. Ele poderia jurar que seu coração havia parado por um momento. A espada desapareceu no ar e Kvolt caiu de joelhos no chão, enquanto apertava suas entranhas com força.
— KVOLT! — Quinn gritou.
— O dragão, ataque-o. — Kvolt falou para o companheiro.
Quinn assentiu e correu com sua espada em direção à cela. Empunhou-a perpendicular ao seu corpo e espetou o dragão. O lado atingido abriu-se, esguichando sangue em cima da armadura do guerreiro. Ele sorriu e golpeou novamente no mesmo local, aumentando o ferimento do dragão. Batrix aproveitou o ferimento aberto e lançou uma flecha envenenada, que entrou pela ferida da criatura, afundou e sumiu em meio ao sangue.
Gilmor, em posse da espada flamejante, correu para frente, gritou e lançou a espada em direção à face do dragão. O anão viu-se com queimaduras severas em sua mão direita, bolhas se formaram em sua palma deformando a carne. A espada seguiu em linha reta, até a boca do dragão e, no momento em que ele urrava pela dor da flecha envenenada, a lâmina passou por sua boca, entrando em direção a sua garganta.
Kvolt levantou-se, e caminhou cambaleando até onde conseguia olhar nos olhos da criatura. O bardo fechou os olhos, concentrou-se, abriu os olhos, que novamente cintilavam energia radiante amarela, sorriu e disse: “MORRA!”. O dragão pereceu, soltando seu último suspiro enquanto olhava nos olhos cintilantes de Kvolt.


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