ContosFantasia Medieval

O Mago Louco – Parte 5

Escrito por: Leo Rodrigues

A loucura muitas vezes pode ser confundida com a falta de compreensão dos demais para com os objetivos de cada indivíduo, seria Ragy Lemar louco ou apenas um homem em busca de conhecimento e de explorar as possibilidades de seu mundo?

Capítulo 5: A caverna 

   Ele estava sozinho agora, adentrando a caverna escura com passos lentos e cautelosos. Apesar do dia ensolarado, a luz não iluminava mais que os primeiros metros do caminho. Com duas batidinhas de seu cajado, pôde ver seu caminho através da luz que emanava de sua turmalina. Os sons das batidas ecoaram pela caverna, que respondeu com um pesado silêncio.

   Ragy Lemar estava nervoso, não sabia o que esperar daquele lugar. Seus pensamentos se alternavam entre a explicação que o padre Lucius lhe dera sobre a maldição e a fala esbaforida do bêbado Bóris.

   À medida que se aprofundava nos túneis submersos, sentia o ar ficando mais pesado e mais frio. De repente, se deparou com uma grade de ferro que poderia lhe impedir de continuar, se já não tivesse sido serrada, possibilitando-o de passar espremido por entre dois vergalhões enferrujados. Ele imaginou que essas barras de ferro deveriam ter sido colocadas ali pelo exército do Sul para aprisionar seus oponentes. E teve certeza quando reparou o esqueleto de 2 mãos pequenas, ainda conectadas ao antebraço, agarradas às barras de ferro.

   Aquela cena lhe causou um sentimento de impotência e tristeza. Era o preço da guerra, ele pensou, e continuou seguindo seu objetivo de encontrar sinais da maldição.

   O caminho se tornava cada vez mais estreito e cheio de ossos pelo chão, crânios, costelas, e fêmures eram os mais fáceis de distinguir em meio àqueles montes. Já não era mais possível caminhar sem pisar e quebrar alguns deles.

   O jovem mago sabia que toda maldição sempre está atrelada a algum objeto mágico ou água contaminada com magia negra, então ele precisava chegar até o fundo da caverna onde provavelmente haveria água.

   As paredes ficavam cada vez mais próximas e o teto cada vez mais baixo, com 1 metro e 70 de altura, Ragy já precisava andar curvado pelo caminho para não bater a cabeça. Pelo menos naquele lugar não tinham tantos esqueletos, as pessoas que estavam ali provavelmente correram para os dois extremos da caverna em uma tentativa desesperada de se salvar.

   Ter que andar cada vez mais curvado fazia com que a dor nas costas o incomodasse cada vez mais. Seguir aquele túnel já se tornava uma tarefa bastante árdua, quando Ragy avistou um buraco que levava para baixo. Ele deixou transparecer sua felicidade ao ver o túnel, sabia que quanto mais para baixo maior a probabilidade de encontrar água. O buraco era escavado direto na pedra e possuía uma escada de corda presa a duas estacas de ferro.

   O mago prendeu seu cajado ao cordão do manto e adentrou ao túnel escavado. Desceu a escada inteira sem dificuldades. Lá embaixo havia um grande salão, lotado de esqueletos e teias de aranha, mas o que realmente era interessante naquele local, além do seu tamanho, era o barulho bem baixo de água corrente. O jovem tinha razão, ali havia água!

   Ao tirar seu cajado do cordão, Ragy percebeu um vulto passando atrás dele, e virou-se com extrema destreza, mas não havia nada fora do comum. Então, seguiu cautelosamente e preparado para entrar em ação.

   O som ficava mais alto à medida em que ele caminhava. Novamente ele viu um vulto passando por ele e ao virar-se, viu uma garotinha sem um braço, com um olho pendurado para fora da cavidade ocular. Ela estendeu seu braço em direção a ele e pediu:

   – Moço, você pode me tirar daqui? Dói muito!

   Antes que ele pudesse responder, ela desapareceu, como uma miragem. Os batimentos cardíacos dele aceleraram. O frio do local se transformara em calor, e ele suava. Suas pupilas dilataram, era possível sentir o mal à espreita.

   Com certeza havia ali uma maldição, tinha que haver. Ragy segurou seu cajado com as duas mãos e seguiu caminho em direção à corrente de água.

   Enquanto isso, do lado de fora da caverna, Bóris estava se preparando para sua sétima expedição, quando ouviu um burburinho vindo da rua. Um cavalheiro que se mostrava bastante preocupado chegara na vila e chamou a atenção de todos.

   – Olá cidadãos da Vila das Cinzas! Me chamo Felan Magrab e estou à procura do meu primo Ragy Lemar! – gritou o cavaleiro para que todos os presentes o pudessem escutar.

   – O que você quer com o jovem Ragy? – perguntou de forma agressiva o ferreiro Pratt Strongarm.

   – Meu primo corre sérios perigos! Eu preciso encontrá-lo para que possa levá-lo para casa em segurança! Ele não deveria andar sozinho por aí! – Respondeu Felan, preocupado.

   Bóris percebeu a sinceridade do rapaz, mesmo que todos os outros moradores da vila estivessem desconfiados, então ele decidiu se intrometer:

   – Seu primo foi para a caverna já tem alguns minutos. Eu estou indo para lá agora, se quiser me seguir, fique à vontade.

   – Bóris, o que está fazendo? Nem conhecemos esse sujeito. Ele pode estar mentindo! – Falou o padre irritado.

   – Ora, padre, pelo amor do seu Deus cale essa boca e me deixe em paz! – disse Bóris, agora mais sóbrio, enquanto se dirigia para a entrada do mausoléu.

   Felan rapidamente amarrou seu cavalo e correu até conseguir acompanhar o homem alto e mal-encarado que andava em direção ao paradeiro de seu primo “perdido”.

   – Muito obrigado pela ajuda, qual o seu nome? – perguntou Felan, um pouco esbaforido pela corrida.

   – Me chamo Bóris.

   – Obrigado, Bóris! Quando a gente era pequeno, prometi pro meu primo que nunca mais ia perder ele de vis… – Antes que pudesse terminar sua frase, foi interrompido de forma ríspida por Boris.

   – Ok. Pode me acompanhar, mas faça silêncio, por favor.

Escrito por: Leo Rodrigues


 

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